27
Mar 11

 

 

Se nós vivermos apenas com nós próprios por vezes é difícil,

como seria viver com dezenas de "nós"?


Vou dedicar a minha primeira critica a este livro. A esta vida. A esta mulher.

 

Alice decidiu escrever num livro toda a sua vida. Coisa comum nos dias que corre. O que falta saber agora é o seguinte: "Valerá a pena ler o que esta alma me tem para contar?" Eu pensei que sim, e não me arrependi.

 

As experiências de vida que são de certo modo más, desagradáveis, tristes, são também as mais difíceis de se esquecer. Todos nós temos momentos desses da vida. Uns mais desagradáveis que outros, mas nenhum ser humano é imune à vida. Outro passo dum mau momento da nossa vida é, dependendo dos casos, fechado no nosso cofre junto à nossa memória, onde fica lá para sempre; e que não queremos de modo nenhum partilhar. É normal termos momentos que nos faça pensar: "Eu sou o único que sei da minha experiência; e já muita gente sabe". Não queremos de modo nenhum partilhar e fazemos de tudo para esquecer.

 

E isso é um ponto a favor de Alice Jamieson que, em primeira pessoa, nos vem contar a sua vida, que de agradável tem pouco, mas o gesto e coragem dela de louvar tem muito

 

Alice, desde os seus seis meses de idade, era constantemente violada pelo pai, e por amigos do pai. O próprio pai. Esta conta-nos este tipo de experiências de tal modo pormenorizado que, é normal a meio da leitura os nossos olhos ficarem turvos e lágrimas pingarem estas páginas corajosamente escritas.

 

Tamanhos abusos e traumas levaram a consequências na sua saúde. Na sua adolescência sofreu de anorexia e de perturbação obsessivo-compulsiva. Já em idade adulta, foi-lhe diagnosticada Distúrbio de Personalidade Múltipla, tendo sido detectadas mais de 15 personalidades diferentes, tendo cada uma delas uma história, uma idade e até mesmo um letra e maneiras de escrever diferentes.

 

Apesar de ter tudo para ter uma vida feliz, os pais tinham posses e vivia numa casa luxuosa, mas não tinha algo que o dinheiro podesse comprar: um pai, alguém que se tivesse apercebido das suas dificuldades.

 

No entanto Alice estudou, chegando quase a concluir o doutoramento em Saúde e Estudos Comunitários, mas as constantes Overdoses e auto mutilações provocadas por alguém no corpo de Alice, levou a ter o merecido apoio.

 

Podemos encontrar nas palavras de Alice uma pessoa desesperada, cansada e torturada, que no fundo apenas quer ser Alice.

 

Formalmente, o livro está dividido em vinte capítulos mais prólogo e epílogo, sendo eles bem formados e construidos, apensar de nos capítulos posteriores termos por vezes o sentimento de Deja Vú. Alice é inteligente e sabe como sensibilizar os leitores.

 

Muitas vezes, ao lermos livros ou vermos filmes, chegamos ao fim e pensamos que seria bom que fosse verdade, que acontecesse mesmo.

Neste livro o sentimento é completamente oposto. Este livro representa uma luta, real e dura, que durou décadas e ainda nãe teve o seu merecido fim e descanso.

Seria bom que não tivesse acontecido. Que fosse tudo mentira. Que sejas sempre a Alice.

Publicado Por ChadGrey às 23:47

Um livro que sem dúvida terei que ler.
É incrível como o ser humano é por vezes tão cruel, devastador, um monstro.. e como há outras em que apenas deseja o mínimo para ser feliz.
Dentro deste tipo de historias, há que aconselhar o '3096 dias' de Natascha Kampusch. A mim cativou-me e chocou-me. Poderoso.


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Amy Rose a 30 de Março de 2011 às 19:19

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